![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrU5y_7YXuY9rnZgKpMX_sEZFerZ2twIqYQsgFmsGsv_bJ2GCTGZf6NvZCfqZtUA0qpAf9tD4NpgG1hG35BVD-eEGPzAu35AVEk2_beiXviFjx-zoUabJbEnhSh-PhOrDa0F81WtB0JBwG/s400/o+sentinela+II.jpg) |
La au fundo, estava o mar, (*) |
Por diversas vezes
estive decidido a rasgar esta foto, porque convenhamos que faço mesmo figura de parvo. Não importa a figura que faço o que
era, ou o que sou ; o importante é saber o porquê da minha presença naquele lugar.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfDTtyk2Eici0-50PdNbDVGNsEnJiwqHUZk8skxn88NYzBB4B12bJBv2-2deOyuGHkE3Bd-qxM3ATexGwEZb9Wlr-7eZlV2dBOoicuAAdkTHaHS-1I3eBfVxMra-xdsGgj1b8SwMaYAABV/s320/lancha.jpg) |
mas o inimigo nao tinha lanchas, (*) |
Estando eu com a
arma na mão, junto ao arame farpado, significa que estava de sentinela, e lá ao
fundo estava o mar. Acontecia
porem que o inimigo não vinha pelo mar; o IN. (1) não dispunha de lanchas de
desembarque, de fragatas, de submarinos, e muito menos de porta-aviões. Que o
digam os nossos irmãos de armas, os ex-fuzileiros de S. A. Do Zaire, que,
(diga-se de passagem nos testemunharam uma estima enorme, aquando da nossa
breve estadia naquela vila.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1CCgPuWCB57qM8fZOUnW3hibltTWETVqGCM_QeHCUu4V1gwUzVv0UW-rq6-zR3wQsoX1BAWPORx_ygw7vJ-yPgX2pNgX9RDknrFSNwUMT57McGmF4-43nf4C8JopUlUykSjcJJ-bVoujm/s1600/cccccc5.jpg) |
fragatas, (*) |
Se ao fundo se vê o
mar, não se nota que por de traz de mim, estava o refeitório e a cozinha e era
ai que residia o perigo; não que nos roubassem as nossas loiças de cristal; não
que alguém tentasse roubar-nos o nosso caviar. O perigo era personalizado pelas
crianças Angolanas, (pretas evidentemente), que esfomeadas, vinham na hora da refeição com um saco de plástico, no
interior do qual levavam o que lhes dessem, inclusive os restos da sopa. Vi
muito mendigo na vida, mas levar caldo num saco de plástico, só na Angola
milionária que me levou aqueles que deviam ter sido, os meus melhores três
anos. Foi então decidido que os restos do nosso rancho não mais serviriam para
matar a fome aos pretinhos, mas destinar-se-iam a engordar porcos que comprados
pequenos, transitariam depois de crescidos para o rancho da Companhia.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFoNP7wWa19omc9BXC1gSlIzeGesKMvnGSRWkOcpGs-a8Zsg0skyCoOBVBe_KBhE2oLKZwoHifw21rwUHrrKzTPHtr94oQse-DDDfVUGaK2tQ9O2OizGaXTg30o404EYw3BCTpQq3s_WpI/s320/ccccc3.jpg) |
submarinos, (*) |
Ignoro se alguém
recordou ao Capitão, que era uma obra de Misericórdia dar de comer a quem tem
fome, todavia era tempo perdido, não éramos só nos os soldados que devíamos em
permanência “meter o rabo entre as pernas”: ai daquele que ultrapassasse os
“limites”.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW2YoI8NJ3X6xJSau9Rto4TKrc_MI1GgaIIDP4qpvziQgpGnaaIH1TudKdwrLvSPjLHbv_bDWDDE3Z0NPm0TFaJ1AL9KPUTm2rQ3rFmP2Wrj__zVhqiFiTWNKuR0eb6RThx4t_-eVj7DKi/s1600/cccc8.jpg) |
nem porta-avioes. (*) |
Exceptuando o
sadismo, a malvadez que consistia
em privar os miúdos dos nossos restos, quem sabe se a decisão ate poderia ser
considerada normal; quem sabe se era a única possibilidade de saborearmos uns
bons presuntos, mas qual presunto qual carapuça. No caminho que levava os
suínos da pocilga para a cozinha havia algo de misterioso e o mistério nunca
foi desvendado. Segundo informações da época, os porcos eram vendidos à
Companhia. Mas... quem comprava, quem vendia? Eis o enigma e deste modo, lá estava eu de sentinela armado em parvo,
naquele domingo junto à praia, (faltava-me a cabana do José Cid), a fim de
dissuadir os esfomeados de se aproximarem da nossa cozinha.
(1) inimigo.
(*) fotos net. Com e devida vénia.
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