Amanhã, 27 de Janeiro, dia de homenagem às vítimas do Holocausto, devíamos
recordar o nosso herói do Holocausto: Aristides de Sousa Mendes, um homem que continua a não ter o reconhecimento que merece. Aristides devia ser um dos heróis da
nossa mitologia colectiva, mas não é. Experimentem fazer perguntas sobre
Aristides aos miúdos do liceu. A maioria não reconhecerá o nome e, estou certo,
uma minoria de arruaceiros confundirá Aristides com um jogador do Borussia de
Dortmund ou coisa assim. Neste sentido, vale a pena consultar esta hagiografia
(não é uma biografia) de Miriam Assor. Com provas irrefutáveis, o livro revela
a grandeza de Aristides de Sousa Mendes.

Tendo em conta a estatura homérica destes actos, não se compreende o
relativo desprezo da cultura portuguesa por Aristides. Não há uma grande
biografia. Não há um romance. Não há uma série de TV. Não há um filme. Temos
um Schindler e não lhe damos valor. É como se a expressão "herói
português" fosse, em si mesma, uma contradição em termos. É como se a
expressão "herói português" fosse um incómodo para a nossa visão
cínica de Portugal.
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