Naquela manha pardacenta de 7 de Janeiro de 1972, deambulávamos pelo cais aguardando a hora
de embarque, quando vi o Com. da minha Comp. Aproximar-se do segundo Com. de
Bat. Segredando-lhe algo que não entendi. Já a resposta do Major mais sagaz,
foi clara , sem ambiguidades: Já que vieram até aqui...
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Nos deambulavamos pelo Cais.
Foto extraida do blogue du nosso Bat.
(com a devida vénia) |
Compreendi então o
teor da intervenção do Capitão: Vendo-nos em liberdade, temia que
aproveitássemos a deixa para dar o fora, mas para onde? Na “minha” Beira mais
que interior, nunca ouvi falar de exílio politico, quanto aos meus prezados
colegas que andaram com os livros debaixo do braço até ao serviço militar, não
sei se por medo ou por outra razão,
mas era assunto tabu.
Também não fazia
parte da nossa cultura fugir. Vezes sem conta durante a minha curta
escolaridade entoamos “Os Lusitos” , quantas vezes levava para o recreio o
“meu” livro de Educação Moral e Cívica, e todo orgulhoso, (nem todos tinham um
livro assim), “convidava” alguns colegas e, sentados no chão de uma espécie de
curral, adjacente à moradia que servia de escola, cantávamos todos os
Hinos e mais alguns, e quando nos
preparávamos para dar tudo à Pátria, temia o nosso Capitão, que “déssemos o
fora”. Não, meu Capitão, nao foi para isso que fomos embalados por todos aqueles Hinos.
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Hino da Mocidade Portuguesa. Letra de Mario Beirao Melodia de Rui Correia Leite.
Embalados que fomos, por todas estas lições de Patriotismo e orgulho, temia o nosso Capitão que desertássemos?! |
Pairava ainda no ar
o drama dos Nove emigrantes/que dos seus lares distantes/P’ra França queriam seguir/ Foi então
em Montalegre /Que a guarda os
persegue/ Não os deixando fugir/ Um tiro foi disparado/Sendo António Chança
alvejado/ Por uma bala certeira/ Também ferido de morte/ Teve assim a mesma
sorte/ O Manuel de Oliveira.
Estas a ver Zé
Oliveira, o que nos podia acontecer?!
Nos iríamos p’ra guerra como nos ensinava o nosso livro de leitura: (Se
um dia a Pátria vos pedir auxilio, dai-lhe tudo: sangue e vida, meus
Portugueses pequeninos).
Vem dai Zé; digamos
a essa “pátria” que merecemos melhor tratamento que aquela esmola que nos
querem dar. Tu que como eu sais-te da “escola” aos dez anos para trabalhar no
campo, enquanto não tínhamos para quebrar rochedos com uma marreta de sete
quilos, digamos a essa gente que estão errados.
A PATRIA HONRAI,
QUE A PATRIA VOS CONTEMPLA!
NOS HONRAMOS A
PATRIA, OXALA ELA NOS CONTEMPLE.
A.L.
sempre parti desse principio e nunca pensei em abandonar Portugal a minha pátria
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