É FILHO DE BOA GENTE!A l'attention de mes lecteurs :

GUERRA COLONIAL EM ANGOLA. DO ZAIRE AU CUNENE, PASSANDO PELOS DEMBOS.
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OBRIGADO PELA SUA VISITA.

QUEM NAO SE SENTE, NAO É FILHO DE BOA GENTE!


Se servistes a Patria que vos foi ingrata, vos fizestes o que devieis, e ela o que costuma.
Padre Antonio Vieira.

A nação é de todos. a nação tem de ser igual para todos. Se nao é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam Estado, se tornaram quadrilha.
Aquilino Ribeiro. In quando os lobos uivam.

"patria", confiscaste-me os meus melhores três anos. Diz-me agora o que posso confiscar-te.

samedi 7 janvier 2012

ADEUS DEMBOS, OLA CUNENE


Adeus Nambu.
Era ainda noite, quando aos gritos Nambu. Nambu. descemos a rampa que nos levava da nossa caserna ate ao cruzamento junto à messes dos oficiais e sargentos.  O cruzamento não indicava as direcções a seguir, porque não era necessário; já as sabíamos de cor e salteada e como os forasteiros eram poucos, evitavam-se placas ou semáforos.
Interpelou-nos entretanto o 2° Com. de Bat. dizendo: calai-vos agora, dizem que anda para ai o Lima Assassino... E certo que o IN podia perfeitamente reservar-nos um “fogo de artificio” para a despedida. Calamo-nos e começamos a tomar lugar nos “nossos” camiões.
Adeus café...
foto net.


Dentro em pouco, diríamos: Adeus Nambu e empreenderíamos então uma longa viagem: Mil e quantos quilómetros? Esqueci as centenas; há quem diga: 6, mas como podia ser tanto km. Em cima de um   camião de mercadoria?! Não importava! Nos iriamos a pé, se preciso fosse; o importante era sairmos daquele Inferno.
Adeus açúcar...
foto net.
Percorreríamos aproximadamente mais 100 km. Para podermos dizer: Adeus mata, adeus café, adeus açúcar.. (oh, não!.. O açúcar era mais a Sul; desculpai colegas da Tentativa, o açúcar era “vosso”.) E certo que o café dos Dembos era amargo; o “nosso” café cheirava a pólvora!
Adeus lama...
Solicitei a autorização para aqui inserir esta foto, ao nosso
irmão de armas, Manuel Pacheco, que prestou serviço no 
B. Caç. 3838, sediado em Quicabo, porque me faz lembrar
o dia em que vindos de Ambrizete, com destino a Nambu.
alguns camiões ficaram atolados na lama, entre Quicabo e  
Beira-Baixa, e ai passamos a noite toda em condições que 
fácil imaginar. Obrigado.
Adeus capim, adeus pó, adeus lama, adeus mosquitos, adeus m... adeus morte que podias ter surgido em cada curva, em cada quilometro sob forma de uma rajada de AK-47 nas tripas; vai-te bicho enfadonho; vai fornicar outro; nos vamos para muito longe, muito longe.
N’Giva City a cidade pacificada pelo General Pereira d’Eça e que mais tarde adoptara o seu nome, preparava-se para nos abrir os braços, como quem diz: deixai vir a mim todos os degredados.
Adeus, morte.
Íamos já longe, quando a coluna parou para mais uma pausa; salto do camião, enveredo pelo passeio e quedo-me no limiar da “boutique” frente à qual este estacionara. Realizo tristemente que os “escassos” 10 meses passados em Nambu. fizeram com que esquecesse a existência de livrarias e boquiaberto contemplo o “espectáculo” que se me oferece: prateleiras repletas de livros, da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, e eu que só possuía 2 ou 3 livros de cowboys, prometo a mim próprio que se um dia achasse dinheiro, também arranjaria umas tábuas e nelas colocaria muitos livros.

AL.

P.S. Ainda não achei o dinheiro, mas achei os livros; faltam-me as tábuas.


3 commentaires:

  1. C'est un site très humaniste. Bonne continuation.

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  2. Adorei este texto. Revivi tempos idos.
    Manuel Aldeias

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  3. quase as mesmas coisas que nós só passamos 16 meses em Nambu mais uns meses, que foi um inferno, estivemos na intervenção e depois o descanso que para mim foi no Cuvelai

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