Eu tive um livro na vida,
Livro que li tanta vez,
Um livro que me emprestaram
Um livro chamado G-três,
Mas as paginas desse livro
Eu nao voltarei a ler,
Porque esse livro emprestado
Tem por dono outro ser
Porque livro "emprestado"
... ...
Larai lai lai.
Durante a guerra, se havia "saídas" agendadas, outras havia, que eram surpresa total. Efectivamente naquela manha, contrariamente ao habitual deixamos Ambrizete pelo lado Sul, e "rumamos" direcção Caxito ou Luanda, sabendo de antemão que nao chegaríamos à Capital.
Livro que li tanta vez,
Um livro que me emprestaram
Um livro chamado G-três,
Mas as paginas desse livro
Eu nao voltarei a ler,
Porque esse livro emprestado
Tem por dono outro ser
Porque livro "emprestado"
... ...
Larai lai lai.
Durante a guerra, se havia "saídas" agendadas, outras havia, que eram surpresa total. Efectivamente naquela manha, contrariamente ao habitual deixamos Ambrizete pelo lado Sul, e "rumamos" direcção Caxito ou Luanda, sabendo de antemão que nao chegaríamos à Capital.
Tínhamos o "privilegio" de circular sobre asfalto, caso raro, e isso ja era positivo. o facto de nao irmos para o Norte, também nos tranquilizava.
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Metralhadora Breda. (foto net) |
Habitualmente havia um so homem a ocupar-se da metralhadora, mas talvez ao corrente de algo que nao revelou, ele quis ter a certeza que naquele dia, haveria dois, o que até era normal. Voltei para cima do camião e como o meu "papel" era em caso de problema, municiar a metralhadora, aproximei-me de uns caixotes cinzentos que se encontravam junto à cabina, e de cócoras ou de joelhos (?) comecei a extrair dai alguns carregadores de munições. foi entao que do outro lado soaram uma rajadas pontuadas por uma
morteirada. Era o nosso baptismo de fogo. Levantando os olhos,gritei ao meu colega: olha essa merda, pa! Apontava ele a arma na direcção certa, e acto continuo, desencadeou a nossa resposta.
Nao foi fácil com a mao esquerda introduzir novo "pente" na fenda, já que era a primeira vez; depois meti outro e mais outro. Fez-se entao um grande silencio; um silencio ensurdecedor! Longos instantes! Houve um arranque seguido de uma travagem que teve por efeito danificar o manobrador da minha G-3, abandonada no chão metálico junto ao tripé da Breda. Nao podia ocupar-me de duas armas, mas isso é outra "historia".
Chegou finalmente a ordem de seguir e fomos até Musserra onde permanecia um Pelotão de outra Companhia. Se a memória nao me atraiçoa, o grupo que ai "descansava" foi revezado por outro, e este foi operar no local da emboscada. Dias depois, sussurram as gazetas que haveria recompensas. Imaginem
que o Com. de Comp. mandou comprar um bilhete de ... ... cinema para o atirador da Breda, outro para um colega cuja perna se encontrava na trajectória de uns pequenos estilhaços da granada caída no meio da estrada. Mas se as munições vomitadas pela Breda fui eu que as la meti, porque nao me deram também um bilhete de cinema? Apeteceu-me chorar, bater o pé; o cinema ali tao pertinho; ouvia-se o Paco Bandeira cantar: o Elvas, o Elvas; ouvia-se o Caminheiro; e eu que dede entao nao mais o ouvi; mas emprestem-me o Caminheiro, "carago".
Sejamos serios: eu nao queria nada, "recompensa" nenhuma; eu so queria o Caminheiro.
A minha G-3 ficou danificada por muito tempo.
P.S. Finalmente encontrei o Caminheiro.
Antonio S. Leitão.
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