É FILHO DE BOA GENTE!A l'attention de mes lecteurs :

GUERRA COLONIAL EM ANGOLA. DO ZAIRE AU CUNENE, PASSANDO PELOS DEMBOS.
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QUEM NAO SE SENTE, NAO É FILHO DE BOA GENTE!


Se servistes a Patria que vos foi ingrata, vos fizestes o que devieis, e ela o que costuma.
Padre Antonio Vieira.

A nação é de todos. a nação tem de ser igual para todos. Se nao é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam Estado, se tornaram quadrilha.
Aquilino Ribeiro. In quando os lobos uivam.

"patria", confiscaste-me os meus melhores três anos. Diz-me agora o que posso confiscar-te.

dimanche 18 décembre 2011

"CATORZE OVELHAS RANHOSAS"

A verdadeira coragem, e a das 3 horas da manha, em frio, em jejum
sem testemunhas!


(Napoleao)




No inicio dos anos 70, procedia a JAEA a reparaçoes diversas de uma estrada algures no Norte de Angola, e estando o meu Batalhao por ali,foi o nosso pelotao solicitado a fim de garantir a segurança do pessoal. Regressavamos ao fim do dia sempre a tempo para o jantar, mas quis o acaso que certo dia chegássemos depois de o rancho ter sido servido.No interior da caserna que nos foi afectada, havia por cima das camas uma tábua que dando a volta completa, servia de pista de atletismo às baratas, mas era ai que guardávamos o nosso prato de aluminio amolgado de tal forma que parecia ter levado pontapé de "meia-noite". Peguei o meu,meti-o debaixo do braço e ai vou eu a caminho do refeitório. Estando este quase vazio, instalei-me sozinho a uma mesa, hesitando ir à cozinha buscar o tacho ou esperar que um cozinheiro me servisse. Das mesas vizinhas chegava um murmúrio cujo teor acabei por adivinhar, porque segundo certas "bocas" admitia-se a hipótese ed um levantamento de rancho. Pensei que a hora de revolta tinha soado. Voltei para a caserna onde reinava certa algazarra, sendo uns pro, outros contra. Lancei para o ar uma frase copiada numa fotonovela: " Viva a revolução, e aqueles que fazem". Mal eu sabia a hora em que a pronunciava. Era o inicio da descida ao Inferno.
Fui para a cantina, e para esquecer que o estomago ficaria vazio até ao dia seguinte, bebi duas cervejas em vez de uma. Começaram entao certas "bocas" a dizer que o Oficial dia aconselhava  alguns a fim de que declarassem ter comido. Constava que um so o tinha feito, mas era o suficiente para que tudo malograsse.
No dia seguinte, voltamos para a estrada, e quando e quando ao meio-dia viemos almoçar, estava à nossa espera o Com. de Comp. tendo na mao um papel com alguns números; ficamos entao a saber que dos 104 homens que formavam a Companhia, ficamos 14. Soubemos também  que havia bufos no interior da mesma, porque quando o capitão chamou pelos nossos números disse a certa altura: Hà entre vos um russo careca que ameaçou deitar as terrinas a baixo das mesas. Claro que nao possuia o numero do colega em causa, mas depressa o identificou. Quem "bufou" nunca se soube. Estávamos metidos numa bela alhada. 
Nos dias que se seguiram fomos submetidos a interrogatorios diversos; ameaças em serie: Nos éramos as ovelhas ranhosas da companhia, nos iríamos para o forte ou entao para o Leste. E se a companhia for toda nao me importa; eu fico no meu escritorio e declarar que o morto levou umas calças, uma camisa e umas cuecas é-me indiferente.
Estávamos à espera que as sanções caíssem, mas tudo ficaria em "aguas de bacalhau". Nao fomos punidos, quem sabe, porque éramos 14? Se fossemos 100, talvez nem ovelhas ranhosas fossemos e se hoje fossemos mil?

P.S. Eu paguei com lingua de palmo.

Antonio S. Leitão.

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