É FILHO DE BOA GENTE!A l'attention de mes lecteurs :

GUERRA COLONIAL EM ANGOLA. DO ZAIRE AU CUNENE, PASSANDO PELOS DEMBOS.
Copyright (c) 2012. Tous droits réservés. Direitos reservados.
OBRIGADO PELA SUA VISITA.

QUEM NAO SE SENTE, NAO É FILHO DE BOA GENTE!


Se servistes a Patria que vos foi ingrata, vos fizestes o que devieis, e ela o que costuma.
Padre Antonio Vieira.

A nação é de todos. a nação tem de ser igual para todos. Se nao é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam Estado, se tornaram quadrilha.
Aquilino Ribeiro. In quando os lobos uivam.

"patria", confiscaste-me os meus melhores três anos. Diz-me agora o que posso confiscar-te.

lundi 31 décembre 2012

SURPRESAS EM TEMPOS DE GUERRA.




Quando chegávamos à guerra, recebíamos, como é natural uma espingarda, e com ela, uma centena de cartuchos que conservávamos em permanência quase sempre,( a menos que houvesse um armeiro), dependurados ao fundo da cama. Quando íamos para o exterior, que por vezes se confundia com o interior, podíamos completar o nosso “arsenal” com duas granadas que devíamos solicitar na arrecadação.
Convém recordar que se para as munições necessitávamos de cartucheiras, também para as granadas havia uma espécie de bolsas de lona, a que se chamava porta-granadas.
Tudo corria na maior das normalidades até que um dia o Com. de Comp. decidiu que o nosso pelotão na necessitava de granadas, por conseguinte de porta-granadas, e estes deviam ser atribuídos não sei a quem.
Cumpre-me referir que estando o nosso pelotão, (Pel. Rec. e Sapadores), integrado na CCS., a nossa guerra era menos “corpo a corpo”, visto participarmos em menos operações que as Comp. Operacionais, mas fazíamos mais escoltas, quem sabe se veio dai a razão pela qual foi decidido que aqueles pedaços de lona eram supérfluos para nos.
É do conhecimento de todos que aquilo fazia um barulho tremendo. Quem sabe poderíamos nos confundi-las com estalinhos do S. João?! Todo o cuidado era pouco no entender dos nossos Comandantes. Imagine-se que ripostávamos com granadas a um ataque qualquer; podia passar por ali uma manada de elefantes; imaginemos  aqueles elefantezinhos tão queridos correrem para junto da mãe: o mama olhe que aqueles homens puseram-me medo.
Passaram-se muitos  meses antes que, cabisbaixos, pudéssemos voltar à arrecadação de material de guerra, e como se pedíssemos um grande favor: Eh pá, empresta-me duas granadas; evidentemente que  desta feita já podíamos dispor do tal pedaço de lona.
Note-se na zona onde estávamos o odor de pólvora era mais intenso, e a bicharada era suposta manter-se a certa distancia. A guerra reservava-nos destas surpresas.

António S. Leitão.