É FILHO DE BOA GENTE!A l'attention de mes lecteurs :

GUERRA COLONIAL EM ANGOLA. DO ZAIRE AU CUNENE, PASSANDO PELOS DEMBOS.
Copyright (c) 2012. Tous droits réservés. Direitos reservados.
OBRIGADO PELA SUA VISITA.

QUEM NAO SE SENTE, NAO É FILHO DE BOA GENTE!


Se servistes a Patria que vos foi ingrata, vos fizestes o que devieis, e ela o que costuma.
Padre Antonio Vieira.

A nação é de todos. a nação tem de ser igual para todos. Se nao é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam Estado, se tornaram quadrilha.
Aquilino Ribeiro. In quando os lobos uivam.

"patria", confiscaste-me os meus melhores três anos. Diz-me agora o que posso confiscar-te.

dimanche 5 juillet 2015

Ovelha, eu? Chegou a tropa e a guerra!


Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga besta de nora aguentando pauladas sacos de vergonhas feixes de misérias, sem uma rebelião,  um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que ja nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas.
Um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas..
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.”

(in Patria. Por Guerra Junqueiro em 1896.

Gostava de saber por onde andam os audazes, os herois de outrora. Se durante a guerra fomos obrigados a resignar-nos, agora talvez nao sejamos.
Como dizia o Padre Antonio Vieira: Se nos vendemos tao baratos, porque nos avaliamos tao caros?

lundi 11 mai 2015

VOCE AGORA NAO E VAGOMESTRE VOCE AGORA E SAPADOR.




Durante a guerra colonial, vista a necessidade de carne para canhão, podia acontecer que os contingentes embarcassem  incompletos.  Aconteceu com a nossa companhia que quando desembarcou faltavam-lhe entre outros elementos, um vagomestre, ou seja um jovem sargento encarregado da alimentação.
Foi a tarefa confiada a outro, normalmente até que a Metrópole nos enviasse a pessoa que por formação era suposta administrar  o mísero orçamento que nos era atribuído para nos alimentar. Se a memoria não me atraiçoa, não ia muito além dos vinte escudos diários.
Chegou finalmente o nosso almejado vagomestre na pessoa do Furriel P. Que ao apresentar-se ao comandante de Companhia, foi interpelado nestes termos: Você agora não é vagomestre, mas sapador.
Podia dar para rir, não fosse o que havia de desumano, abjecto, nesta afirmação. Se a vocação do vagomestre era a alimentação, a especialidade do sapador era lidar com explosivos, mas naquela guerra tudo podia acontecer.
O meu Capitão, mas eu não percebo nada de minas e armadilhas, como posso eu ser sapador?
Pobre Furriel P. ; estava mesmo ali ao lado a arrecadação dos sapadores, frente à qual se encontrava o nosso Furriel B. E não é que o Capitão se dirige a ele dizendo: O nosso Furriel B. Dê umas instruções de minas e armadilhas ao nosso Furriel P.  Não sorria leitor, é a verdade.
O Furriel P. Não  mudou de especialidade, mas nunca exerceu a sua. Porquê? Adivinhe quem quiser, eu creio saber porquê, mas no nosso meio ainda é ser “cobarde” “traidor”, dizer certas verdades que devem ser ditas, gritadas, gravadas em letras garrafais, ( ia dizer que a mim, não me lixam mais, mas continuam a lixar-me com a esmola que me atribuíram como ex-combatente.
Para ser menino bonito, devia dizer méééééé!  Descansem boas almas, não uivarei com os lobos.

António S. Leitão.

jeudi 1 janvier 2015

Guerra Colonial: As pedras que me atiraram.


                       C.C.S./B.CAC 3869. Com as pedras que me atiraram, atamanquei este blogue.

Em Angola, tive dois inimigos: Um que defendia a sua terra, outro que defendia a sua carteira e para que a carteira deste ficasse cheia, ficou a minha vazia
Perante aquele que defendia a sua terra, eu tinha uma arma para me defender; perante o outro, era um cordeirinho na boca do lobo.

O regime queria que os mesmos homens fossem corajosos, ver heróis no mato para perseguir o preto, e que na caserna se transformassem em grandes cordeiros, em seres sem coluna vertebral, sem miolo dispostos a ingurgitar qualquer porcaria, sabendo de antemão que se por la morressem, la ficariam abandonados como se de animais se tratasse.

Agora tenho um inimigo que quando certos "Baroes" passam à reserva, sob pretexto que passaram uns anos largos a "mamar" à conta do orçamento, lhes da um suplemento de pensão, (Queres duzentas ou trezentas? Ou queres um biberão cheio, meu pequenino? A fim dizem eles de se reintegrarem na sociedade. Quando eu vim da guerra, nao me deram um centavo para me reintegrar. Evidentemente, o governo nao e o mesmo, mas o estado é ou nao é o mesmo? ou sera que as dividas contraídas pelo precedente governo, nao devem ser pagas por este e pelos outros?

mercredi 17 décembre 2014

A NAÇAO É DE TODOS.

A naçao é de todos. A naçao tem de ser igual para todos. Se nao é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam estado se tornaram quadrilha. ( Aquilino Ribeiro) in Quando os lobos uivam.

De joelhos, perante Deus, de pé perante os homens. (D. Antonio F. Gomes. Antigo Bispo do Porto.

Entre um governo que faz o mal, e um povo que o consente, ha certa cumplicidade vergonhosa. Victor Hugo.

Um ser abjecto, quer seja chefe, capitão ou coronel, nao deixa de ser o que é.

Nao tenho a obrigação de ser inteligente, mas tenho o dever de tratar as pessoas, inclusive os meus subordinados, como seres humanos e nao como bichos.

vendredi 19 septembre 2014

" URSS" À BEIRA MAR PLANTADA. DIGA-ME DOUTOR.



Prezado senhor,


  • Nao sei quem você é, nem interessa, mas consta que se questionou acerca de como conseguiu o precedente regime português, aguentar a guerra colonial durante tanto tempo, (et pour cause), comece por observar esta cozinha... Isto nao era Esparta, China, ou URSSS, mas Angola, cujas riquezas me custaram os meus melhores três anos. 
  • Compreende agora como foi possível, ou ainda nao? 
Repare nesta cama... Eu nao   dormia aqui todos os dias,  mas todos os dias cà dormia  alguém, porque era a casa da guarda. O senhor cumpriu o serviço militar?Sabe o o que é a casa da guarda? Nao importa, mas talvez agora realize como foi possível aguentar e quem aguentou.
Vejamos agora: O Senhor doutor sabe o que era isto? Claro que nao sabe. Pois bem, estimado doutor, isto era o cemitério de Nambuangongo, e eu com outros colegas, fomos là cortar a erva, porque depois de todas as misérias que nos  eram impostas, os que morriam em combate, ficavam por cà abandonados como se de animais se tratasse, a menos que o morto dispusesse( salvo erro de dez contos a fim que o seu cadaver fosse transladado para a Metropole.  Alguem  dizia: Em Nambuangongo hà gente que apodrece. Nao sei se se referia so aos mortos, ou tambem aos vivos.


  Sabia o senhor que no mês de Maio de 1971, ou seja quando incorporei nas nossas FA. , recebi como salário do primeiro mês  de serviço a soma de cinco escudos? Convenhamos que a culpa não foi só  do governo; segundo fontes bem informadas, se tivesse incorporado três meses depois teria recebido mais cinco tostões. Não sei qual a sua nacionalidade, mais saiba que cinco escudos dava ( se a memoria não me atraiçoa) para comprar aproximadamente uma cerveja e metade de outra; mais cinco tostões dava quase para duas, mas não chegava bem; na sua terra também era assim? Imagine o esforço necessário; o senhor não sabia, mas eu digo-lhe: segundo certas fontes, Portugal possuía reservas de ouro de entre as maiores do mundo; exercia a soberania sobre um dos Países mais ricos de África que produzia entre outras coisas: diamantes, petróleo, açúcar, café, bananas, ananases, etc. etc., por conseguinte: 1 tostão de ouro, 1 tostão de diamantes, 1 tostão de açúcar, 1 tostão de café, 1 tostão bananas, = 5 tostões, e ai estão os tostões necessários ao fabuloso aumento.
Nao sei se o Senhor sabe, Portugal esta de novo em guerra, desta vez contra a crise, e na sua optica la estão os valorosos governantes como bons chefes de família, a "apertar o cinto" a fim de que os filhos nao se privem, hein, doutor?! A realidade é outra: Os governantes vao bem, graças aos nossos impostos; quanto a nos os que abdicamos da nossa juventude, que arriscamos a vida, dao-nos uma mao-cheia de nada, e para cumulo ainda hà quem diga que sempre faz 30 contitos.
De regresso do gulague, um Soviético declarou um dia que um homem para sobreviver, bastava ter um pedaço ade pão, uma cebola, e um pedaço de sabão. ignoro se os nossos politicos estavam à escuta, mas terao eles julgado que 30 contitos sempre dao para uma arroba de cebolas, um tabuleiro de pão e algumas barras de sabão?
Nao estamos na União Soviética, hein?! 
Parece estarmos é na Africa: Là no topo a etnia superior, cà em baixo, nos os Bailundos: Para eles o caviar, para nos a mandioca.
Como dizia certo escritor: sob um vernis ce civilizaçao, esta a sobranceria, o desprezo, o abandono.
A. S. Leitao.

ARISTIDES DE SOUSA MENDES, O NOSSO HEROI DO HOLOCAUSTO.


Amanhã, 27 de Janeiro, dia de homenagem às vítimas do Holocausto, devíamos recordar o nosso herói do Holocausto: Aristides de Sousa Mendes, um homem que continua a não ter o reconhecimento que merece.  Aristides devia ser um dos heróis da nossa mitologia colectiva, mas não é. Experimentem fazer perguntas sobre Aristides aos miúdos do liceu. A maioria não reconhecerá o nome e, estou certo, uma minoria de arruaceiros confundirá Aristides com um jogador do Borussia de Dortmund ou coisa assim. Neste sentido, vale a pena consultar esta hagiografia (não é uma biografia) de Miriam Assor. Com provas irrefutáveis, o livro revela a grandeza de Aristides de Sousa Mendes.
Logo em 1939, Salazar emitiu a Circular 14, o documento que impedia os embaixadores portugueses de dar vistos aos judeus ("quer tenham sido expulsos do seu país de origem quer do país de onde são cidadãos"). Colocando em causa a sua carreira e a sua família, Aristides, o cônsul português em Bordéus, desafiou Salazar e deu vistos diplomáticos a milhares de judeus. Luxemburgueses, dinamarqueses, noruegueses, belgas e holandeses invadiram Bordéus à procura do Santo Aristides. Desta forma, Aristides tirou 30 mil vidas da linha de montagem assassina. Enquanto a maioria se refugiou no cumprimento da lei (Circular 14), Aristides assumiu que a lei pode ser imoral, assumiu que legalidade pode não ter legitimidade . A sua heroicidade vem daqui.
Tendo em conta a estatura homérica destes actos, não se compreende o relativo desprezo da cultura portuguesa por Aristides. Não há uma grande biografia. Não há um romance. Não há uma série de TV. Não há um filme. Temos um Schindler e não lhe damos valor. É como se a expressão "herói português" fosse, em si mesma, uma contradição em termos. É como se a expressão "herói português" fosse um incómodo para a nossa visão cínica de Portugal.
 Por Henrique raposo. Expresso.(Com a devida vénia).