É FILHO DE BOA GENTE!A l'attention de mes lecteurs :

GUERRA COLONIAL EM ANGOLA. DO ZAIRE AU CUNENE, PASSANDO PELOS DEMBOS.
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OBRIGADO PELA SUA VISITA.

QUEM NAO SE SENTE, NAO É FILHO DE BOA GENTE!


Se servistes a Patria que vos foi ingrata, vos fizestes o que devieis, e ela o que costuma.
Padre Antonio Vieira.

A nação é de todos. a nação tem de ser igual para todos. Se nao é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam Estado, se tornaram quadrilha.
Aquilino Ribeiro. In quando os lobos uivam.

"patria", confiscaste-me os meus melhores três anos. Diz-me agora o que posso confiscar-te.

samedi 25 mai 2013

JA QUE VIERAM ATE AQUI...




Naquela manha pardacenta de 7 de Janeiro de 1972, deambulávamos pelo cais aguardando a hora de embarque, quando vi o Com. da minha Comp. Aproximar-se do segundo Com. de Bat. Segredando-lhe algo que não entendi. Já a resposta do Major mais sagaz, foi clara , sem ambiguidades: Já que vieram até aqui...

Nos deambulavamos pelo Cais.
Foto extraida do blogue du nosso Bat.
(com a devida vénia)
Compreendi então o teor da intervenção do Capitão: Vendo-nos em liberdade, temia que aproveitássemos a deixa para dar o fora, mas para onde? Na “minha” Beira mais que interior, nunca ouvi falar de exílio politico, quanto aos meus prezados colegas que andaram com os livros debaixo do braço até ao serviço militar, não sei se por medo ou por outra razão,  mas era assunto tabu.
Também não fazia parte da nossa cultura fugir. Vezes sem conta durante a minha curta escolaridade entoamos “Os Lusitos” , quantas vezes levava para o recreio o “meu” livro de Educação Moral e Cívica, e todo orgulhoso, (nem todos tinham um livro assim), “convidava” alguns colegas e, sentados no chão de uma espécie de curral, adjacente à moradia que servia de escola, cantávamos todos os Hinos  e mais alguns, e quando nos preparávamos para dar tudo à Pátria, temia o nosso Capitão, que “déssemos o fora”. Não, meu Capitão, nao foi para isso que fomos embalados por todos aqueles Hinos.
Hino da Mocidade Portuguesa.
Letra de Mario Beirao
Melodia de Rui Correia Leite.

Embalados que fomos, por todas estas
lições de Patriotismo e orgulho,
temia o nosso Capitão que
desertássemos?!
Pairava ainda no ar o drama dos Nove emigrantes/que dos seus lares distantes/P’ra  França queriam seguir/ Foi então em  Montalegre /Que a guarda os persegue/ Não os deixando fugir/ Um tiro foi disparado/Sendo António Chança alvejado/ Por uma bala certeira/ Também ferido de morte/ Teve assim a mesma sorte/ O Manuel de Oliveira.
Estas a ver Zé Oliveira, o que nos podia acontecer?!  Nos iríamos p’ra guerra como nos ensinava o nosso livro de leitura: (Se um dia a Pátria vos pedir auxilio, dai-lhe tudo: sangue e vida, meus Portugueses pequeninos).
Vem dai Zé; digamos a essa “pátria” que merecemos melhor tratamento que aquela esmola que nos querem dar. Tu que como eu sais-te da “escola” aos dez anos para trabalhar no campo, enquanto não tínhamos para quebrar rochedos com uma marreta de sete quilos, digamos a essa gente que estão errados.
A PATRIA HONRAI, QUE A PATRIA VOS CONTEMPLA!
NOS HONRAMOS A PATRIA, OXALA ELA NOS CONTEMPLE.
A.L.

vendredi 24 mai 2013

(PARA OS CRITICOS) R. MUITO PARA ELES.





Fins de 1974, no extremo sul de Angola, a nossa comissão arrastava-se penosamente quando fui testemunha de uma cena, algo insólita.
Estava eu em companhia de um colega que devendo ser transferido, solicitou a secretaria, a fim de que lhe fornecessem algumas esferográficas ao que a dita acedeu, evidentemente e quando o “estafeta” lhe trouxe o referido material, exclama o meu prezado camarada:
Podem muito bem dar-me isso tudo,( r.) muito para eles.
Fiquei atónito, mas mantive o silencio, visto o fascismo militar, ser pior que o outro. Se mantive o silencio, não esqueci e como fui a única testemunha da cena, seria pena levar o segredo comigo para a sepultura.
Para que não haja ambiguidades convém esclarecer que por “eles” se entendia o pessoal da secretaria, mas o pronome pessoal devia ser posto no singular e certamente em maiúsculas: “ELE”, porque se fomos lesados, só ELE  podia beneficiar do que quer que fosse, todavia falemos no condicional por prudência. 
Fazendo uma retrospectiva, vejamos:  Em Ambrizete, ou seja onde iniciamos  a comissão, havia uma riqueza incomensurável na imensidão Oceânica, mas não possuíamos frota pesqueira através da qual pudessem ser desviados uns tantos carapaus ou sardinhas. Nas cercanias  de Nambuangongo  havia  muito café, mas não éramos proprietários  de nenhuma fazenda ou roça que proporcionasse o desvio de uns grãozinhos.  Em pereira d’Eça nem mandioca havia, consequentemente não consigo desvendar como alguém poderia lesar-nos.
Mas ... Se o nosso Estimado camarada declarou ter (r) para alguém sem que ninguém o interrogasse ou torturasse,  algo de misterioso subsiste.
Pode parecer mesquinho, recordar estes factos quatro décadas depois, mas é sobretudo confrangedor constatar que como se a guerra não bastasse, haver alguém capaz de manipular um colega nosso, a fim de que este nos lesasse. Com (r) ou sem eles algo aconteceu. Convém que se saiba que a guerra não era só entre brancos e negros, havia outra guerra que emanava do ar condicionado e nos condenava a certa miséria.
Se os críticos o desejarem, posso publicar aquela estoria que começa assim: Você agora, não é vagomestre, você agora é sapador.

A.L.

mercredi 1 mai 2013

DIÊN BIÊN PHU. (EXCERTOS).



Foto net.
“Apos 50 dias de duros combates, na noite de 1 de Maio, começa a ultima fase da batalha: Dia 6 de Maio a ultima colina, Eliana 1 cai.  Dia  7 os   Franceses fazem explodir os paióis de munições e deitam fora as armas. As 17h30, o reduto francês é invadido. A batalha de Dien Bien Phu, terá feito 3.000 mortos, 4.000 feridos, e 10.000 prisioneiros entre os Franceses, dos quais apenas um terço regressaria dos cativeiros. Do lado Vietnamita, as baixas  foram avaliadas entre 20.000 e 30.000 . Oito semanas mais tarde, a conferencia de Genebra concluiria pela partilha provisória do pais.
As Forças Armadas Francesas abandonam definitivamente o Norte do Vietname em 1955, e o Sul um ano mais tarde. 
A MARCHA DA MORTE E O TERRIVEL PERIODO DE CATIVEIRO.

Diên Biên Phu. Fim do dominio
Francês na Indochina.

Foto net.
A batalha de Diên Biên Phu foi uma autentica carnificina. Depois de termos resistido a vários ataques, rendemo-nos no dia 7 de Maio de 1954 à tarde. Destruímos todo o nosso material. Seguidamente os primeiros soldados Vietnamitas invadiram o nosso acampamento transformado num amontoado de lama, cadáveres e armas.
Os Vietnamitas agruparam-nos e caminhamos uma dezena de quilómetros. Fizemos uma pausa e fomos obrigados a tirar as botas a fim de evitar qualquer tentativa de evasão.
A marcha da morte começou  em 8 de Maio cerca das 17h30. Aquilo representava cerca de setecentos quilómetros  a percorrer par integrar os cativeiros. Chegados ai, os nossos trabalhos consistiam essencialmente em abrir buracos para enterrar os colegas. Sem força par cavar profundamente, cinquenta centímetros chegavam. Nos embrulhávamos os corpos num pedaço de pára-quedas e transportávamo-los até à “sepultura”. Por vezes alguns morriam de cansaço, enquanto abriam as covas.
Em Genebra continuavam as negociações e o Presidente do Conselho, desejava conclui-las no prazo de um mês e nao teria sido evocado o futuro de milhares de soldados que recusavam entregar-se ao inimigo. a França teria fechado os olhos e quando o cessar-fogo foi assinado ela podia ter perguntado: Em Diên Biên Phu vocês capturaram 11.721 membros das nossas Forças Armadas. Entregaram-nos 3.290. Faltam 7.801. Que é feito deles?

(Fontes: Les 170 jours de Dien Bien phu, Mensonges sur la guerre d'Indochine, Convoi 42, etc.) Com a devida venia.