Daquele quartel de Viseu onde por
vezes o molho das batatas tinha tanta agua como azeite? E certo que estávamos
na semana de campo, ou melhor
dizendo, de mata, e quem sabe se como o caminho da serra era mau, o
azeite se entornou, quem sabe se foi parar ao rio Pavia poluiu a agua, matou os
peixes, quem sabe?! Daquele quartel muito querido, um modelo de asseio, beleza,
da Capital do Norte, onde o “rancho” ate era razoável nos primeiros dias e
depois estragou-se tudo, “et pour cause”, chegou a nossa Companhia para tirar a
especialidade, pouco depois chegou deu entrada mais uma Comp. Para tirar outra
especialidade, e a partir dai, nunca mais foi como antes. Não sei que
transformação sofreram os ingredientes que se destinavam à nossa alimentação,
mas já não eram bem os mesmos. Seria por essa razão que ao fim do dia entrava
no quartel um padeiro que nos propunha uns pedaços de pão de milho que
comprávamos evidentemente, porque tínhamos FOME?! Eu comia-o porque tinha fome,
os meus estimados camaradas, não sei se o preferiam ao tradicional casqueiro,
que diga-se em abono da verdade, era para mim uma delicia. Não havia naquele
quartel uns pedaços de pão que nos pudessem dar ou vender, nem que o atirassem
de longe como se fazia aos cães? Quem se lembra daquele prisioneiro do Viêt-minh que preso no interior de uma cabana, se via obrigado a ladrar, a fim de obter uns graozitos de arroz? Quem sabe o que faria para obter um casqueiro?!
Talvez a culpa ate fosse nossa:
aparecíamos as centenas de uma só vez, e talvez os cozinheiros não soubessem
como fazer comida para tanta gente com as mesmas panelas; se fossemos às dúzias
poderia ser diferente, quem sabe?! Consta que no quartel de Viseu éramos mais
de mil, talvez por essa razão o “rancho” era uma porcaria.
A partir dessa data, decidi
evitar os grandes restaurantes, nunca se sabe se os ingredientes metidos numa
panela muito grande perdem a qualidade como na tropa?!
António S. Leitão.