É FILHO DE BOA GENTE!A l'attention de mes lecteurs :

GUERRA COLONIAL EM ANGOLA. DO ZAIRE AU CUNENE, PASSANDO PELOS DEMBOS.
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OBRIGADO PELA SUA VISITA.

QUEM NAO SE SENTE, NAO É FILHO DE BOA GENTE!


Se servistes a Patria que vos foi ingrata, vos fizestes o que devieis, e ela o que costuma.
Padre Antonio Vieira.

A nação é de todos. a nação tem de ser igual para todos. Se nao é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam Estado, se tornaram quadrilha.
Aquilino Ribeiro. In quando os lobos uivam.

"patria", confiscaste-me os meus melhores três anos. Diz-me agora o que posso confiscar-te.

dimanche 5 juillet 2015

Ovelha, eu? Chegou a tropa e a guerra!


Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga besta de nora aguentando pauladas sacos de vergonhas feixes de misérias, sem uma rebelião,  um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que ja nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas.
Um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas..
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.”

(in Patria. Por Guerra Junqueiro em 1896.

Gostava de saber por onde andam os audazes, os herois de outrora. Se durante a guerra fomos obrigados a resignar-nos, agora talvez nao sejamos.
Como dizia o Padre Antonio Vieira: Se nos vendemos tao baratos, porque nos avaliamos tao caros?

lundi 11 mai 2015

VOCE AGORA NAO E VAGOMESTRE VOCE AGORA E SAPADOR.




Durante a guerra colonial, vista a necessidade de carne para canhão, podia acontecer que os contingentes embarcassem  incompletos.  Aconteceu com a nossa companhia que quando desembarcou faltavam-lhe entre outros elementos, um vagomestre, ou seja um jovem sargento encarregado da alimentação.
Foi a tarefa confiada a outro, normalmente até que a Metrópole nos enviasse a pessoa que por formação era suposta administrar  o mísero orçamento que nos era atribuído para nos alimentar. Se a memoria não me atraiçoa, não ia muito além dos vinte escudos diários.
Chegou finalmente o nosso almejado vagomestre na pessoa do Furriel P. Que ao apresentar-se ao comandante de Companhia, foi interpelado nestes termos: Você agora não é vagomestre, mas sapador.
Podia dar para rir, não fosse o que havia de desumano, abjecto, nesta afirmação. Se a vocação do vagomestre era a alimentação, a especialidade do sapador era lidar com explosivos, mas naquela guerra tudo podia acontecer.
O meu Capitão, mas eu não percebo nada de minas e armadilhas, como posso eu ser sapador?
Pobre Furriel P. ; estava mesmo ali ao lado a arrecadação dos sapadores, frente à qual se encontrava o nosso Furriel B. E não é que o Capitão se dirige a ele dizendo: O nosso Furriel B. Dê umas instruções de minas e armadilhas ao nosso Furriel P.  Não sorria leitor, é a verdade.
O Furriel P. Não  mudou de especialidade, mas nunca exerceu a sua. Porquê? Adivinhe quem quiser, eu creio saber porquê, mas no nosso meio ainda é ser “cobarde” “traidor”, dizer certas verdades que devem ser ditas, gritadas, gravadas em letras garrafais, ( ia dizer que a mim, não me lixam mais, mas continuam a lixar-me com a esmola que me atribuíram como ex-combatente.
Para ser menino bonito, devia dizer méééééé!  Descansem boas almas, não uivarei com os lobos.

António S. Leitão.

jeudi 1 janvier 2015

Guerra Colonial: As pedras que me atiraram.


                       C.C.S./B.CAC 3869. Com as pedras que me atiraram, atamanquei este blogue.

Em Angola, tive dois inimigos: Um que defendia a sua terra, outro que defendia a sua carteira e para que a carteira deste ficasse cheia, ficou a minha vazia
Perante aquele que defendia a sua terra, eu tinha uma arma para me defender; perante o outro, era um cordeirinho na boca do lobo.

O regime queria que os mesmos homens fossem corajosos, ver heróis no mato para perseguir o preto, e que na caserna se transformassem em grandes cordeiros, em seres sem coluna vertebral, sem miolo dispostos a ingurgitar qualquer porcaria, sabendo de antemão que se por la morressem, la ficariam abandonados como se de animais se tratasse.

Agora tenho um inimigo que quando certos "Baroes" passam à reserva, sob pretexto que passaram uns anos largos a "mamar" à conta do orçamento, lhes da um suplemento de pensão, (Queres duzentas ou trezentas? Ou queres um biberão cheio, meu pequenino? A fim dizem eles de se reintegrarem na sociedade. Quando eu vim da guerra, nao me deram um centavo para me reintegrar. Evidentemente, o governo nao e o mesmo, mas o estado é ou nao é o mesmo? ou sera que as dividas contraídas pelo precedente governo, nao devem ser pagas por este e pelos outros?