É FILHO DE BOA GENTE!A l'attention de mes lecteurs :

GUERRA COLONIAL EM ANGOLA. DO ZAIRE AU CUNENE, PASSANDO PELOS DEMBOS.
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OBRIGADO PELA SUA VISITA.

QUEM NAO SE SENTE, NAO É FILHO DE BOA GENTE!


Se servistes a Patria que vos foi ingrata, vos fizestes o que devieis, e ela o que costuma.
Padre Antonio Vieira.

A nação é de todos. a nação tem de ser igual para todos. Se nao é igual para todos, é que os dirigentes que se chamam Estado, se tornaram quadrilha.
Aquilino Ribeiro. In quando os lobos uivam.

"patria", confiscaste-me os meus melhores três anos. Diz-me agora o que posso confiscar-te.

lundi 11 mai 2015

VOCE AGORA NAO E VAGOMESTRE VOCE AGORA E SAPADOR.




Durante a guerra colonial, vista a necessidade de carne para canhão, podia acontecer que os contingentes embarcassem  incompletos.  Aconteceu com a nossa companhia que quando desembarcou faltavam-lhe entre outros elementos, um vagomestre, ou seja um jovem sargento encarregado da alimentação.
Foi a tarefa confiada a outro, normalmente até que a Metrópole nos enviasse a pessoa que por formação era suposta administrar  o mísero orçamento que nos era atribuído para nos alimentar. Se a memoria não me atraiçoa, não ia muito além dos vinte escudos diários.
Chegou finalmente o nosso almejado vagomestre na pessoa do Furriel P. Que ao apresentar-se ao comandante de Companhia, foi interpelado nestes termos: Você agora não é vagomestre, mas sapador.
Podia dar para rir, não fosse o que havia de desumano, abjecto, nesta afirmação. Se a vocação do vagomestre era a alimentação, a especialidade do sapador era lidar com explosivos, mas naquela guerra tudo podia acontecer.
O meu Capitão, mas eu não percebo nada de minas e armadilhas, como posso eu ser sapador?
Pobre Furriel P. ; estava mesmo ali ao lado a arrecadação dos sapadores, frente à qual se encontrava o nosso Furriel B. E não é que o Capitão se dirige a ele dizendo: O nosso Furriel B. Dê umas instruções de minas e armadilhas ao nosso Furriel P.  Não sorria leitor, é a verdade.
O Furriel P. Não  mudou de especialidade, mas nunca exerceu a sua. Porquê? Adivinhe quem quiser, eu creio saber porquê, mas no nosso meio ainda é ser “cobarde” “traidor”, dizer certas verdades que devem ser ditas, gritadas, gravadas em letras garrafais, ( ia dizer que a mim, não me lixam mais, mas continuam a lixar-me com a esmola que me atribuíram como ex-combatente.
Para ser menino bonito, devia dizer méééééé!  Descansem boas almas, não uivarei com os lobos.

António S. Leitão.