Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga besta de nora aguentando pauladas sacos de vergonhas feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que ja nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas.
Um povo em catalepsia ambulante,
não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo,
enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua
inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro
em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente
corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem
vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam
na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda
a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que
na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos
monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo,
esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este,
finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao
arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas..
Dois
partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do
mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos
actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e
fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem
todos duma vez na mesma sala de jantar.”
(in Patria. Por Guerra Junqueiro em 1896.
Gostava de saber por onde andam os audazes, os herois de outrora. Se durante a guerra fomos obrigados a resignar-nos, agora talvez nao sejamos.
Como dizia o Padre Antonio Vieira: Se nos vendemos tao baratos, porque nos avaliamos tao caros?
(in Patria. Por Guerra Junqueiro em 1896.
Gostava de saber por onde andam os audazes, os herois de outrora. Se durante a guerra fomos obrigados a resignar-nos, agora talvez nao sejamos.
Como dizia o Padre Antonio Vieira: Se nos vendemos tao baratos, porque nos avaliamos tao caros?
Bom dia
RépondreSupprimerComeço por te agradecera visita em lidacoelho blogspot e o simpático comentário.
África terra de sonhos e encantos mil.. Suas gentes, suas casas, seus rios e árvores.
Estive na Guiné de 01/73 até 07/74.
Por último
Este texto parece ser de todos os tempos. A sua actualidade é um grito vivo presentemente.
Hoje o povo sofre as mentiras dos políticos que lhes oferecem promessas e lhes retribuem fome,desprezo, e tantas cargas que nos tornam a vida num suplício.
Erros deles ?
Talvez sejam erros nossos porque ainda vamos em cantigas de rua...
Ola, amigo; Nao tinha visto o teu comentario, pelo que peço desculpa pelo meu silencio. Da sempre prazer encontrar eco em alguém. Muito haveria para dizer. Por vezes temos o que merecemos. Eu vou continuara a gritar sozinho mesmo que incomode muito boa gente que nao gosta do meu tom. Um grande abraço.
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